[ e s p ] Prosigue así la introspección. Una visión sugestiva me mostró el camino por el que todo mortal debe atravesar. Una vez que nos separamos de lo absoluto y adquirimos la naturaleza individual, pasamos al mundo de los sentidos como lo conocemos. Cuando el ser viviente muere, sale de este mundo de los sentidos y regresa al punto de partida, al absoluto. Una analogía explica mejor esta idea: el estar vivos significa, ante todo, tener una consciencia individual; es decir, somos capaces de asimilar el mundo con nuestros sentidos. La existencia carnal es como una gota de agua separada de la corriente. Una vez que la gota vuelve a la corriente de donde salió, la primera deja de ser una gota y se vuelve el agua misma de la corriente. Algo así pasa con nosotros cuando morimos. Antes de nacer, no tenemos ni consciencia ni recolección individuales simplemente porque nuestra consciencia sigue siendo parte de lo absoluto, del Ensoph, el mismo absoluto al que retornamos así que dejamos este mundo de los sentidos. Durante la vida, pasamos el tiempo como la gota de agua y en la muerte volvemos a la corriente de lo absoluto, donde las gotas son incontables e inseparables.
Son muchas las implicaciones de esta concepción. La más significativa es la inexistencia de algo parecido a un "infierno" o un "cielo" posmortem, de las almas. Primero que el alma no puede ser individual, ya que en este estado necesita del cuerpo (y cuando hace uso del cuerpo, está encarnando en la vida, en esta existencia). Al mismo tiempo, el alma, en su estado natural -- en el mundo "de las almas", en realidad de un "alma total" -- es un ente que es parte de lo absoluto y por lo tanto no es individual. No obstante, la idea de la existencia del "alma individual" sugiere lo contrario y, por ende, es errónea. Segundo, una vez que dejamos la consciencia individual que caracteriza a esta existencia, pasamos inmediatamente a ser parte del colectivo, de la totalidad, del absoluto. Y como es de esperarse, esa totalidad carece de cualquier noción de bipolaridad, la misma que es la base de la dicotomia del cielo y del infierno, como lugares a donde van las almas con destinos opuestos. Dicho sea de paso, la noción netamente carnal (y como "carnal" me refiero a aquello que es propio de nuestra existencia como seres humanos con un intelecto capaz de auto reflexión i.e., consciente de su existencia) talvez este articulada en términos que podamos entender como humanos, pero aun así creo que carece de cualquier similitud a lo que realmente ocurre luego de la muerte, ya que en lugar de ir a un lugar predefinido de acuerdo a nuestras acciones previas, todos los poseedores de consciencias individuales indistintamente volvemos al absoluto de donde salimos.
[ e n g ] And so introspection goes on. A suggestive vision showed me the path through which every mortal being has to travel. Once we become separate from the absolute and acquire individuality, we come to the world of the senses as we know it. Once a living being dies, it leaves this world of the senses and returns to the start, to the absolute. An analogy will help better explain this idea: being alive means, above all, having an individual consciousness; that is to say, we are able to assimilate the world around through our senses. Carnal existence is like a drop of water separate from the stream. When the drop goes back to where it came from (the water stream), it ceases to be one drop and becomes one with the stream itself. Something similar happens when we die. Before we are born, we have neither an individual consciousness nor recollection simply because our consciousness is part of the absolute, the Ensoph. Once we leave this world of the senses, we go back to the infinite. During a lifetime, we spend time like the drop of water and with death we return to the absolute stream, where drops are inseparable and unaccountable.
This notion has many implications. The most remarkable has to do with the nonexistence of something close to a heaven or hell after death. Firstly, the soul cannot be individual since it needs the body to operate as one entity (and when using the body, it is encarnating in life, in this existence). At the same time, the soul, in its natural state -- in the world "of souls", actually, the world of a "total soul" -- is an entity which is part of the absolute and, therefore, is not individual. However, the idea of the existence of "individual souls" suggests the opposite and, thus, is wrong. Secondly, once we leave behind the individual consciousness which characterizes this existence, we immediately become part of the collective, the totality or the absolute. And, as we should expect, this totality lacks any resemblance to our notion of bipolarity, which is at the bottom of the heaven and hell dichotomy. Having said that, the purely carnal notion (by "carnal" I mean everything which is perceivable by the human intelect) of heaven and hell is, perhaps, simply articulated in terms which can be understood by us humans, more or less working like an analogy. Yet, this notion lacks any similarity to what really happens after death, since instead of going to a particular destination based on our previous actions, we possessors of individual consciousness indistinctly return to the absolute where we came from.
[ p o r ] Assim prosegue a introspecção. Uma visão sugestiva me mostrou o caminho pelo qual cada mortal tem de viajar. Uma vez que nos separamos do absoluto e adquirimos individualidade, entramos no mundo dos sentidos como o conhecemos. Quando morremos, saimos deste mundo dos sentidos e voltamos ao começo, ao absoluto. A seguinte analogia explica esta ideia: estar vivo significa, perante tudo, ter uma consciência individual; quer dizer, poder assimilar o mundo em volta com os nossos sentidos. A existência carnal é como uma gota d'agua separada da corrente. Quando a gota volta para o lugar de onde venho (a corrente), ela deixa de ser uma gota e passa a fazer parte da propria corrente de agua. Algo parecido acontece quando morremos. Antes de nascer, nós não temos nem consciência nem recoleção simplesmente porque a nossa consciência é parte do absoluto, do Ensoph. Uma vez que saímos deste mundo dos sentidos, voltamos para o infinito. Enquanto vivemos, passamos nosso tempo como a gota d'agua e quando morremos retornamos à corrente absoluta, onde as gotas são inseparáveis e incontáveis.
Esta noção tem muitas implicações. A mais importante tem a ver com a inexistência do céu e do inferno depois da morte. Primeiro que a alma não pode ser individual já que precisa do corpo para operar como um ente (e quando a alma se expressa através do corpo encarna nesta existência terrenal). Ao mesmo tempo, a alma, no seu estado natural -- no mundo "das almas", na realidade, no mundo da "alma total" -- é um ente que é parte do absoluto e, por tanto, não é individual. No entanto, a ideia da existência de "almas individuais" sugeri o contrário e, por tanto, está errada. Em segundo lugar, uma vez que saímos da consciência individual que caracteriza a nossa existência neste mundo, passamos imediatamente a fazer parte do coletivo, da totalidade, do absoluto. Como é de se esperar, essa totalidade carece de qualquer rastro da nossa noção de bipolaridade, a qual é a base da dicotomia céu/inferno. Dito isto, a noção puramente carnal do céu e do inferno talvez esteja articulada dessa forma para que possamos compreender com o intelecto humano a ideia de fundo; funcionando como uma analogia. No entanto, essa noção não guarda relação com o que na verdade acontece quando morremos: em vez de ir para um lugar predeterminado de acordo com as nossas ações prévias, nós, os que possuimos a consciência individual, retornamos indistintamente ao absoluto daonde viemos.